sábado, 16 de janeiro de 2016

Movimento Passe Livre e a Perpetuação do Transporte Coletivo Caro e Sucateado

Todo o problema de alto custo, precariedade, ineficiência e insatisfação do transporte público de todo o nosso país deriva de uma só palavra, e a palavra é: Público.



Calma, vou explicar.

Toda a ideia de que é o governo quem deve assumir funções sociais para a sociedade deriva de pensadores que ouvimos falar desde cedo na escola, seus nomes são Karl Marx e Friedrich Engels, quando ambos reiteraram a doutrina socialista, sugeriram que todos os meios de produção passassem a ser socializados, ou seja, que se tornassem propriedade pública, de toda a população. Mais tarde foram mais a fundo e propuseram o comunismo, que seria nada mais do que um mundo onde todas as posses pertencessem a um estado, sendo que esta transferência seria gradual e através do socialismo, socializando todas as propriedades até que este estado se tornasse o detentor de todas as posses.

Na concepção de Marx, isso por si só acabaria com o conceito de Estado e com as classes sociais, iniciaria uma sociedade anárquica onde a busca pelo bem-estar da sociedade seria priorizada (através da autogestão), consequentemente acabando com todas as desigualdades e colocando fim ao sistema capitalista - que segundo ele - é o maior gerador de desigualdade.

Todo o conceito de “bem público” deriva desta premissa, ideias de direito positivados também.
Dizer que transporte é um direito, ao invés de um serviço, também.

Estamos vivenciando mais uma vez uma prova de que as tentativas de socializar bens e serviços não passam do mais ingênuo romancismo ideológico.

Quando se trata de assuntos importantes como a saúde, educação, segurança, legislação, transporte e outros “direitos”, sérios problemas certamente ocorrerão, simplesmente por ignorarem a lei mais básica, que também faz possível e necessária a existência da economia: a lei da escassez. Mas não quero tratar de saúde e companhia aqui, existem vários outros artigos sobre isso na internet. Vou focar este artigo na questão do transporte público e como a ideologia socialista cria situações em que mais tarde ela própria irá se queixar. 

Como dito, o princípio mais básico da economia é o princípio da escassez, é com ela que a economia tenta tratar o mundo e explicar seus fenômenos. As pessoas correntemente "esquecem" este princípio, muitas vezes por ignorância, outras por ideologia. A ideia de se existir um transporte público, gratuito e de qualidade é um oximoro, tanto a priori, quanto a posteriori.

Geralmente quem defende esta ideia, também defendem que os empregados das empresas que fornecem tal “direito” tenham uma boa condição de trabalho e remuneração ou - como esses indivíduos gostam de repetir - uma remuneração “justa” e condições de trabalho humanas.

Todo serviço de qualidade requer gastos para que tal objetivo seja alcançado. Um ônibus confortável custa mais do que um ônibus simples. Funcionários devidamente bem pagos e felizes com a empresa onde trabalham, também. Gasolina precisa ser comprada. Os automóveis precisam passar por revisões periódicas e eventualmente, passar por alguma espécie de conserto. Além de impostos que devem ser pagos e outras situações e custos que uma empresa precisa arcar para funcionar nos dias de hoje. Não há possibilidade de se negar a existência desses custos sem negar a realidade.

Quando é o estado aquele quem escolhe as empresas que irão exercer o monopólio do transporte público, todas as possibilidades de que este serviço siga melhorando tornam-se nulas, desta forma o estado não só impede a existência de competição dentro deste nicho como também tira o poder de escolha dos indivíduos e os substitui na economia, como Mises bem descreveu no seu livro "Intervencionismo: Uma Análise Econômica".

Seu poder de decidir o serviço que melhor te satisfaz foi completamente negado e jamais cogitado.

Quando o mercado de transporte de médio e grande porte é proibido e um monopólio é constitucionalmente construído, saiba que a única possibilidade de mudança dentro desse serviço é a mudança para pior, seu preço subirá constantemente e sua qualidade tenderá a sucatear na mesma medida. Os funcionários não serão tratados devidamente, da mesma forma como os usuários deste serviço. Os ônibus estarão constantemente lotados e faltarão lugares para se sentar. Acidentes eventualmente acontecerão por irregularidades nos veículos. Podemos somar diversos outros fatores que comprometem a qualidade do serviço de transporte, tudo isso pelo simples fato de que a demanda da população não é levada em conta em momento algum e a lei da escassez será constantemente ignorada. Tudo isso pode ser confirmado neste simples link.
Ou faça uma simples busca no nosso grande amigo Google. Apenas digite "ônibus" e "acidente" na barra de pesquisa para ser reverenciado por centenas de casos muito parecidos com o que eu disse.


Portanto, quando ver alguém dizendo que o transporte público deveria ser gratuito, seja sensato e diga a esta pessoa àquilo que Milton Friedman fala desde a década de 70.
- “Não existe almoço grátis”.


Essa semana o prefeito de São Paulo, Haddad, afirmou que para que os custos de transporte da capital fossem “pagos pelo estado”, eles necessitariam de cerca de oito bilhões de reais por ano, valor bem próximo da verba destinada para a saúde.

Lembra-me uma frase do economista e sociólogo Thomas Sowell: “É incrível como algumas pessoas acham que nós não podemos pagar médicos, hospitais e medicamentos, mas pensam que nós podemos pagar por médicos, hospitais, medicamentos e toda a burocracia governamental para administrar isso” - só faltou Sowell ter citado o transporte coletivo também.

Peçam o fim do monopólio das empresas de transporte coletivo e de todo e qualquer tipo de monopólio. Este é o verdadeiro e único meio de se “negar” a pagar R$ 3,80 pela sua passagem.

Num mercado competitivo, as empresas em busca de lucro precisam saber de todos os seus custos e a real porcentagem de ganhos para assim poderem competir com seus concorrentes. Com várias empresas ou pessoas fazendo o serviço de transporte coletivo, completamente liberada e descentralizada, os concorrentes precisam aperfeiçoar seus custos, aumentando sua eficiência a fim de vencerem a disputa com seu rival, conquistando o máximo de clientes possível. Quem não entrar na dança, oferecendo bons preços e serviço de qualidade, logo será trocado por aqueles que oferecem. O mercado e as pessoas não toleram os ineficientes e/ ou inaptos.


(Alguns exemplos interessantes de países onde o transporte coletivo foi desregulado: Inglaterra, Chile e Peru)

Não é a boa vontade do empresário que o faz fornecer um bom produto ou serviço, mas sim a sua necessidade de vender isto para o máximo de pessoas possível e somente satisfazendo as demandas da população que seu produto ou serviço será consumido. Caso as pessoas não consumam, ele entrará em falência em breve e, por mais rico que seja, jamais conseguirá fazer com que as pessoas adquiram aquilo que não querem.

Os políticos e  populações estatistas, que pedem sempre a maior atuação do estado, pediram a socialização dos meios de transporte. Agora, o transporte encareceu e os subsídios que o governo cedeu à estas empresas não bastam para arcarem com os custos. Estas empresas monopolistas não aperfeiçoam seus custos, logo toda e qualquer mudança de custos será simplesmente repassada à população. Jamais pense na diminuição do lucro do corporativista que detém este monopólio, ele nunca cogitará esta possibilidade.

Neste momento vemos movimentos de rua pedindo que o governo subsidie completamente o transporte público. A resposta é clara como água mineral, se isso ocorrer o transporte custará mais caro e isso será pago por nós através de impostos. Nada é de graça.

Àqueles que pedem a socialização de serviços, são os responsáveis pelos problemas de sucateamento, ineficiência e alto custo do transporte, só eles não enxergam isso. São tão míopes, que pedem indiretamente para que estes custos aumentem, aumentando a força do monopólio e sua ineficiência.

Criam problemas que eles mesmos não sabem lidar.

- Bruno Medina Alves,
Liberdade em Formação

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