quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Liberdade – Um Pouquinho Sobre Minha Concepção

No meu primeiro post aqui em Atlantis, falei muito sobre a defesa da liberdade e sobre o que se trata o liberalismo clássico, mas praticamente não falei nada sobre o que é a liberdade em si.

Pois bem, aqui estou para falar um pouquinho sobre a minha concepção de liberdade, confesso que faltaram palavras - e talvez ainda faltem - para descrever o que penso a respeito do que é ser livre. A liberdade é um conceito meio abstrato e cheio de particularidades que variam de pessoa para pessoa, mas creio que podemos chegar a um consenso em pelo menos alguma parte do que digitei aqui e se não chegarmos, eu juro que tentei.

Durante esta semana, enquanto lia um livro de economia, o autor descreveu um pouco "o que é liberdade", no momento em que meus olhos corriam sobre as letras, senti que alguém transcreveu aquilo que não consegui passar para o papel de maneira simples e objetiva, senti como se tivesse o dever de transcrever isso para o máximo de pessoas que pudessem ler, agora aproveitando o espaço, transcreverei este trecho deixando o nome do autor em questão apenas no fim da postagem para que não condenem a leitura à priori apenas pelo seu nome. Gostaria de ressaltar que durante a escrita do livro, o autor vivia em um tempo extremamente tenso para a história da humanidade e talvez daí surgiu sua necessidade de tanto se falar em liberdade, embora este não seja o propósito do livro em questão.

O livro foi escrito durante os anos que ocorreram a segunda guerra mundial e foi finalizado em 1940. Nesta época, boa parte da liberdade das pessoas foi tomada ou ameaçada de uma forma ou de outra. O autor inclusive fugiu de seu país prevendo que Hitler em breve o invadiria - e invadiu pouco tempo depois. Agora chega de conversa e vamos à parte que realmente interessa para este post:

 “...Liberdade é um conceito sociológico. Não há, na natureza ou em relação à natureza, nada a que se possa aplicar este termo. Liberdade é a oportunidade concedida ao indivíduo pelo sistema social para que ele possa modelar sua vida segundo sua própria vontade. Que as pessoas tenham que trabalhar para sobreviver é uma lei da natureza; nenhum sistema social pode alterar este fato. [...]

 A liberdade do trabalhador que não tem propriedades consiste no seu direito de escolher o local e o tipo de seu trabalho. Ele não está sujeito ao arbítrio de um senhor de quem seja vassalo. Ele vende seus serviços no mercado. Se um empresário se recusa a lhe pagar o salário de mercado, ele encontrará outro empregador disposto a, no seu próprio (do empregador) interesse, lhe pagar o salário de mercado. O trabalhador não deve subserviência e obediência ao seu empregador; deve lhe prestar serviços; não recebe seu salário como um favor, e sim como uma recompensa que é merecedor. [...]

A maioria das pessoas que hoje ocupa posição de destaque nas profissões liberais, nas artes, na ciência e na política começou a carreira na pobreza. Entre os líderes e vencedores, muitos são originários de famílias pobres. Quem quiser ser bem-sucedido, qualquer que seja o sistema social, terá que vencer a apatia, o preconceito e a ignorância...”

Bom, basicamente ter liberdade é poder fazer o que quiser da sua vida sem que ninguém tenha o direito de te privar a nada (desde que não prive a liberdade de outra pessoa).

Liberdade é poder trabalhar com o que quiser, onde quiser e com quem quiser, sem que ninguém te encha de regras dizendo como, onde ou com quem trabalhar.

Liberdade é poder largar tudo e ir morar no meio de uma floresta, longe de tudo e de todos, ou ir viver como uma cabra nos Alpes Suíços, como Thomas Thwaites fez.

Thomas Thwaites

Liberdade é poder se casar (ou não) com quem quiser, sem que ninguém te diga que isto é certo ou errado de acordo com suas ideias.

Liberdade é poder fazer da sua vida um inferno se assim for da sua vontade.

Liberdade é poder não gostar ou não concordar com algo, sem que ninguém te obrigue a gostar ou concordar.

Liberdade é não ser vassalo de ninguém e senhor ou senhora dos seus próprios atos.

Liberdade é ler aquilo que quiser, sem que nenhuma pessoa ou governo te impeça o acesso de qualquer livro que seja.

Liberdade é garantir que as pessoas possam dizer algo que você não aprova, como disse Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las. ”

Defender a liberdade é ir contra tudo ou todos que te atentam com o seu poder de escolha e uso de tal, mesmo que isto seja completamente prejudicial a você mesmo. Toda vez que uma nova regulamentação ou lei é criada, mais um pouco da sua liberdade é tirada; toda vez que você é obrigado a pagar por serviços que você não contrataria se houvessem outras pessoas concorrendo para te oferecer este serviço, sua liberdade é atentada; toda vez que te proíbem de fumar um cigarro, ou beber seu goró, ou fumar seu beck sua liberdade é atentada; toda vez que alguém te assalta sua liberdade é atentada...

Eu poderia fazer uma lista gigantesca de quantas formas a nossa liberdade pode ser tirada, mas dificilmente poderia descrever algum modelo de sociedade que garantiria definitivamente todas as formas de liberdade, pois nós, como humanos, temos grandes problemas quando tratamos de ética, ego e principalmente de convivência em sociedade, felizmente somos seres pensantes e tendemos a sempre evoluir.
Sim, é verdade, as vezes nos pegamos pensando em como as coisas estão piores ultimamente, mas também podemos num momento de reflexão observar como o mundo evoluiu e como as liberdades estão crescendo cada vez mais, basta observar o quanto as mulheres se tornaram mais livres desde os anos 20 pra cá, hoje elas já ocupam cerca de 60% das vagas nas universidades e creio que daqui uns tempos dominarão completamente o mercado de trabalho; observemos também o quanto os negros se tornaram mais livres no mundo, hoje mesmo com a triste e insistente existência do racismo eles podem viver tranquilamente em sociedade sem se preocupar com algum tipo de lei que os proíbem de andar ao lado de “brancos” ou mesmo uma lei que permite que eles sejam escravizados;  o mundo está cada vez menos pobre, batemos a marca histórica de apenas 10% da população mundial vivendo abaixo da linha da pobreza, esta é uma marca muito feliz e garanto que em algum tempo será batida por outra marca melhor ainda.

Só precisamos combater as formas de limitação das liberdades, precisamos continuar lutando em prol dela, garantindo que as pessoas possam se livrar das “barreiras” existentes, para que assim consigam prosperar cada vez mais, sentindo cada vez mais o gostinho que é ser dono de si mesmo, de ser dono das suas escolhas e como é poder moldar sua vida de acordo com seus desejos.

O livro de onde retirei os trechos é o “Intervencionismo, Uma Análise Econômica” de Ludwig von Mises, onde o autor tece críticas a intervenções que são feitas pelo governo para com o andamento da economia. (Essas intervenções limitam a liberdades das pessoas ;) )

Para quem se interessa, está é uma excelente crítica e para quem não se interessa por economia ou história, não recomendo, pois será uma leitura de certa forma cansativa.
                                                                                                                                           
Obrigado por ler e até a próxima.

- Liberal em Formação

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